CLASSIFICAÇÃO E ESPECIFICAÇÃO

Compreender as rochas para ampliar sua aplicabilidade

As rochas ornamentais são obras-primas únicas e atemporais da natureza, moldadas por forças geológicas ao longo de eras, as rochas são verdadeiros presentes do criador para a humanidade. Sua formação de 500 milhões a 2 bilhões de anos, consagram as rochas ornamentais como verdadeiros testemunhos da formação de nosso planeta que emergem do solo em afloramentos maciços, nos mais diferentes tipos de cores, texturas e composições exclusivas, demonstrando assim que as rochas são impossíveis de serem reproduzidos industrialmente.

Ao longo dos séculos, as rochas foram utilizadas de diferentes formas, como ferramenta, na construção das casas, na construção de sistemas de defesa, na pavimentação de vias, no revestimento, sendo meio de expressão de dons artísticos, e assim, a rocha consolidou territórios e deu identidade a eles. Nesta evolução, seu estudo avançou e hoje já temos mais conhecimentos técnicos para realizar sua devida aplicação.

 

 

 

Dentro do progresso nos estudos das rochas, destacamos na atualidade, a análise petrográfica e os ensaios de caracterização tecnológica, que vão permitir o conhecimento dos índices físico-mecânicos destas rochas, e assim, vão nortear o especificador na sua devida aplicação, pois cada material rochoso tem suas características não só estéticas visuais, mas também características intrínsecas.

No que tange a petrografia das rochas, esta permite através de estudos macroscópicos e microscópicos, classificar formalmente as rochas, e assim temos como as principais rochas ornamentais comercializadas:

Granito: Rocha magmática formada no resfriamento do magma presente na crosta terrestre. Tem como principais minerais, o quartzo, o feldspato e a mica. Granitos são rochas resistentes, com diversos tipos de padrões cromáticos, sendo amplamente utilizadas na construção civil, trazendo beleza e durabilidade aos projetos.

Mármore: Rocha metamórfica, originada a partir do metamorfismo de uma rocha sedimentar que sofreu pressão e temperatura que fizeram com que sua formação geológica fosse alterada. Mármores são rochas calcárias, tendo como principais minerais formadores a calcita e a dolomita. Os mármores são rochas que possuem menor resistência que o granito, e assim não são recomendadas para alto tráfego, mas são amplamente utilizadas nas construções civis pela beleza dos padrões cromáticos que apresentam, em geral, brancos cristalinos com belíssimos desenhos naturais.

Quartzito: Rocha metamórfica, originada a partir do metamorfismo de uma rocha magmática que sofreu pressão e temperatura suficientes para alterar sua formação geológica. Tem como principal mineral o quartzo, chegando este a até 95% da composição do quartzito; são muito resistentes e em razão do avanço tecnológico do setor de rochas ornamentais, estão sendo exploradas nas últimas décadas, gerando assim, expectativa de grande crescimento de padrões cromáticos em oferta para os próximos anos.

Pegmatito: Rocha magmática formada em altas profundidas da crosta terrestre, popularmente conhecido como ‘Feldspato’, possuem cristais avantajados, porém, diante da dimensão dos cristais, pode tornar-se menos resistente ao impacto; apresentam formas heterogêneas e inequigranulares, sendo cada placa uma obra de arte da natureza, são muito utilizadas nos ambientes que prezam pela exclusividade.

Os índices físico-mecânicos das rochas, são obtidos através de ensaios executados segundo procedimentos normalizados por entidades reconhecidas internacionalmente, no Brasil, os principais ensaios requeridos para as rochas que se destinam ao uso na construção civil são normalizados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), e os ensaios mais importantes são:

Índices Físicos: Neste ensaio se analisam porosidade aparente, absorção de água e massa específica aparente, com o intuito de avaliar a resistência físico-mecânica, a possibilidade de infiltração de líquidos e o peso do material.

Resistência à Abrasão (Desgaste Abrasivo): Este ensaio consiste em verificar a redução de altura em mm que a rocha apresenta após um percurso abrasivo. No Brasil, o mais difundido é o teste Amsler, no qual o corpo-de-prova é friccionado em areia quartzosa dentro do equipamento, e este realiza 500 e 1.000 giros simulando o tráfego sobre a rocha.

Resistência à Compressão Uniaxial: Este ensaio tem como objetivo encontrar a maior carga por unidade de área que a rocha consegue suportar sem romper. Seu maior objetivo é a avaliar a resistência da rocha principalmente quando utilizada como elemento estruturante.

Resistência à Flexão: Ensaio que busca fornecer um parâmetro indicativo de resistência à tração. Este tem se mostrado cada vez mais importante frente às modernas técnicas de revestimentos de fachadas com anteparos metálicos ou de revestimentos de pisos quando as placas não tem contato diretamente com a base dos pisos.

Coeficiente de Dilatação Térmica Linear: Neste ensaio, busca-se caracterizar a reação do material rochoso frente a alterações contínuas e bruscas de temperatura, visando assim definir corretamente os espaçamentos e as aplicações da rocha.

O estudo das rochas é importante ao especificador, pois traz maior embasamento para a escolha dos materiais e para sua devida aplicação, permitindo assim aliar beleza aos atributos intrínsecos da rocha. Em outro sentido, o avanço nos ensaios demonstra também, o contínuo progresso do setor, pois desde os primórdios o homem se beneficia das rochas e na atualidade usa tecnologia e conhecimento para avançar nas aplicações das rochas ornamentais.

Araciene Pessin

Referências Bibliográficas:

Chiodi Filho, Cid; Rodrigues, Eleno de Paula. Guia de aplicação de rochas em revestimentos – São Paulo: ABIROCHAS, 2009

ALENCAR, Carlos Rubens Araújo. Manual de Caracterização, Aplicação, Uso e Manutenção das Principais Rochas Comerciais no Espírito Santo: Rochas Ornamentais. 1ª ed. 242 p. Cachoeiro de Itapemirim: Instituto Euvaldo Lodi – Regional do Espírito Santo, 2013.