EVOLUÇÃO DO USO

A relação das rochas e da humanidade ao longo dos tempos

As pedras estão na convivência humana desde o início dos tempos, e com elas o homem seguiu seu ciclo de evolução, consolidando assim, a pedra, como um saber passado de geração em geração, como o mais antigo e mais durável material de construção da humanidade e como marco de todos os estágios civilizatórios da humanidade.

Na Pré-História, no Período Paleolítico que ficou também denominado de Idade da Pedra Lascada, o homem vivia em cavernas de pedra, produzia instrumentos com lascas de pedra e fazia das rochas meio de registrar sua história, através das chamadas hoje pinturas rupestres, destaque para as pinturas encontradas no Brasil, mas especificamente na serra do Capivari, no Piauí. O termo ‘pedra’ portanto, foi utilizado para denominar o primeiro momento da civilização, mostrando já a importância da pedra para o homem.

Um exemplo das pinturas rupestres que podem ser encontradas no Parque Nacional Serra da Capivara

No Período Neolítico, também denominado de Idade da Pedra Polida, pelo fato do homem ter evoluído e compreendido o processo de trazer brilho a pedra, destacam-se as vilas formadas a partir de blocos rochosos, como a Stonehenge situada no Reino Unido que é uma estrutura composta por pedras que chegam a ter 5 metros de altura dispostas em círculos concêntricos.

                                          Sol sobre Stonehenge durante o solstício de inverno

Na Idade Antiga temos o significativo avanço arquitetônico alcançado pelas civilizações grega e romana, que fizeram da rocha, elementos estruturantes na criação de aquedutos, colunas e fortalezas. Grande parte destas obras permanece até os dias de hoje, encantando pela grandiosidade e demonstrando o quanto é possível usufruir das rochas para trazer maior avanço arquitetônico nas construções da atualidade, como referência deste período citamos: Partenon de Atenas, Grécia; Pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, Egito; Aquedutos, Roma, Itália; Pantheon, Roma, Itália; e Coluna de Marco Aurélio em Mármore de Carrara, Piazza Colonna, Roma, Itália.

 

Na Idade Média ressalta-se a influência da arquitetura gótico medieval incorporada aos trabalhos de pedra natural e neste estilo temos como grande representante deste período a imponente Duomo (catedral) de Milão, Itália. Outras obras importantes deste período são: Machu Picchu, Peru, que encantam até os dias atuais, a Catedral Siena, Itália e a Igreja Notre-Dame la Grande de Poitiers, França.

A Catedral de Siena ou Duomo di Siena, projetada e construída entre 1215 e 1263

Na Idade Moderna, o período do Renascimento, fez grandes artistas utilizarem dos blocos de mármore para expressar sua arte e seus dons, Michelângelo Buonarotti na Itália foi um deles, e obras de sua autoria como Pietá e Davi imortalizaram este período e podem até hoje ser contempladas na Itália. As Esculturas de Aleijadinho em Congonhas, Minas Gerais, realizadas em pedra-sabão encantam e compõe o conjunto de arte barroca brasileira deste período. Outras obra deste período enaltecem o uso das rochas ao mesmo tempo que contribuem para que os homens alcancem seus objetivos, como é o caso do Taj Mahal, Índia e da Muralha da China, China.

Na Idade Contemporânea, a pedra segue sendo utilizada em suas mais diferentes formas, como revestimento, como pavimentação, como estrutura, como meio de expressão de dons artísticos, como peça de design, enfim, nas mais variadas possibilidades e em todo o mundo.

No Brasil dos séculos XVIII e XIX temos uma grande quantidade de rochas utilizadas na urbanização e na arquitetura das obras, parte delas oriundas das próprias montanhas cariocas e parte trazidas de Portugal como lastro dos navios. As pedras estão na pavimentação de vias, nas calçadas, nos meios-fios, nos monumentos históricos, nos chafarizes, em colunas, fachadas, molduras de portas e janelas, escadarias, muros, muretas, sendo assim utilizadas como pavimentação, estrutura, revestimento, e meio de expressão de arte. Algumas obras do centro do Rio que são símbolos do uso das rochas neste período e de sua durabilidade: Palácio do Catete, Palácio da Ilha Fiscal, Arquivo Nacional (que ostenta colunas de seis metros esculpidas em gnaisse facoidal), Museu de Ciência da Terra, Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, prédios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no campus da Praia Vermelha, Igreja de Santa Luzia, Igreja Nossa Senhora da Glória, e Palácio Gustavo Capanema.

As obras do século XX mostram que o homem permanece usufruindo da beleza e da resistência das rochas ornamentais. Inúmeras são em todo o mundo as obras que fizeram uso das rochas ornamentais em suas mais diversas aplicações, a lista a seguir traz algumas delas que encantam seja pela grandiosidade, seja pela inovação:

Em 1925, foi inaugurado o Monte Rushmore, situado em Keystone, no Estado de Dakota do Sul, Estados Unidos, onde foram esculpidas, nesta montanha de granito, as faces de quatro dos mais importantes presidentes americanos: George Washington, o primeiro presidente dos EUA, Thomas Jefferson, autor da declaração da independência, Theodore Roosevelt, que conquistou maior conhecimento e liberdade de expressão, e Abraham Lincoln, que lutou pela paz do país durante toda guerra civil.

Em 1931 temos a inauguração do Cristo Redentor, no Morro do Corcovado, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil; um monumento exaltando a fé cristã e sendo por completo revestido de pedra sabão nos seus 30 metros de altura. Destaque também para o cimento utilizado na obra que foi proveniente de Cachoeiro de Itapemirim e na referida época eram as montanhas de mármore branco da região a matéria-prima para o cimento, portanto, o Cristo Redentor é tanto no seu exterior quanto na composição de sua estrutura em rocha ornamental.

Em 1954 temos a inauguração do metrô de Atenas na Grécia, utilizando rochas ornamentais de diferentes cores, no revestimento do piso, com belíssimos desenhos geométricos, além de inúmeras peças de mobiliário em rochas, e ainda monumentos em rochas. Para completar, as estações na Grécia possuem ruínas e relíquias da Grécia antiga que foram preservadas e expõe as rochas da época, atraindo assim, visitantes do mundo todo que fazem excursões para passear pelas estações do metrô grego, promovendo assim, melhoria na mobilidade urbana grega e ampliando o turismo local através de toda beleza e histórico de rochas do local.

Em 1969, foi finalizada a Igreja de Pedra localizada em Helsinque, capital da Finlândia, uma Igreja construída diretamente na rocha, com um teto circular com 24 metros de diâmetro e 180 painéis que permitem a entrada de luz natural, a igreja encanta ainda pelos tubos do órgão que fazem parte do design da igreja juntamente com inúmeras cores distintas de granito em sua ornamentação, destaque ainda para a acústica das paredes de pedra, que fazem dela um lugar ideal para concertos.

Em 1972, foi finalizada a maior escultura em baixo relevo do mundo, ela ocupa uma área de três hectares de uma gigantesca montanha rochosa situada na cidade de Stone Mountain, próximo a Atlanta, Estado da Geórgia, Estados Unidos, representa três líderes confederados da guerra civil dos Estados Unidos.

As rochas portanto, estão presentes em toda evolução da humanidade, provando que o homem é dependente do uso delas, que com elas ele alcança seu progresso, e que através delas, conquista melhor qualidade de vida, provando assim o quanto as rochas são essenciais aos homens enquanto ser que vive em sociedade e busca seu contínuo aprimoramento.

Araciene Pessin