A marca que importantes homens deixaram no mundo das rochas
Ao longo da história, muitos homens se destacaram no uso das rochas, e muitos marcaram a história da humanidade fazendo da rocha meio para evolução da sociedade da época. Aqui apenas alguns deles que diante de sua atuação marcaram a história das rocha ornamentais.
VITRÚVIO ( 80 A.C – 15 A.C)

Arquiteto e escritor, Marcus Vitruvius Pollio, nasceu em Roma, entre 80 – 70 a.C., e marcou a história da arquitetura mundial ao escrever um tratado de dez volumes intitulado: “De Architectura”, redigido em latim e grego, é a única obra da Antiguidade Clássica sobre arquitetura que sobreviveu integralmente até os dias de hoje. Tinha como intenção, nortear seu patrono, o Imperador Otávio Augusto, no desenvolvimento construtivo e na urbanização de Roma. Foi a partir de seus escritos, que Roma se transformou na magnitude que observamos até os dias de hoje, com imponentes monumentos e construções envoltos por rochas ornamentais de diferentes padrões cromáticos e nas mais diferentes aplicações. Dos estudos de Vitrúvio, destaca-se a tríade vitruviana, que brilhantemente descreve as três virtudes que devem acompanhar uma boa construção: firmitas, utilitas e venustas (solidez, utilidade e beleza). As ideias de Vitrúvio permanecem até os dias atuais, e sua obra é de valor inestimável para a humanidade, marcando a história ao trazer ao principado romano da época, uma marmórea face da “Urbs” (cidade em latim), e inspirando os homens ao longo da História, como Leonardo Da Vinci, que a partir dos conceitos de simetria defendidos por Vitrúvio, concebeu o “Homem Vitruviano”, desenho icônico que representa o ideal clássico do equilíbrio, da beleza, da harmonia e da perfeição aplicada as proporções do corpo humano, proporções estas que acompanham arquitetos, urbanistas e designers até os dias de hoje.
IMPERADOR OTÁVIO AUGUSTO (63 A.C. – 14 D.C.)

Fundador do Império Romano, e seu primeiro Imperador, Gaius Iulius Caesar Octavianus Augustus governou de 27 a.C. até sua morte em 14 d.C.. O imperador Otávio Augusto promoveu um extenso programa de construção em Roma, e se beneficiou do uso extensivo do mármore para exprimir ao seu governo, as características próprias da rocha natural: estabilidade, firmeza, rigidez, beleza e riqueza. O imperador utilizou rochas de todo o Império, trouxe do Egito, da Grécia e da Ásia Menor imensos navios com rochas para o porto de Roma, no intuito de ampliar o uso das rochas com diferentes padrões cromáticos nas inúmeras obras que estavam em andamento, com isso, o Império Romano mostrava ao mundo através das rochas, sua incontestável abrangência, seu poderio, e a noção de maiestas, que relacionado a arquitetura significa dizer, sua imponência. O amplo esforço de Otávio Augusto, em deixar Roma exuberante, o fazia se orgulhar e inúmeras vezes dizer: “Encontrei uma Roma de tijolos, e deixo-vos uma cidade de mármore”.
MICHELANGELO BUONARROTI (1475 – 1564)

Pintor, escultor, poeta, anatomista e arquiteto italiano, Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, é considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Desenvolveu seu trabalho artístico por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram seus grandes mecenas: a família Medici de Florença e vários Papas romanos. Michelângelo produziu com verdadeira maestria diversas esculturas com os blocos de mármore provenientes da região de Carrara, dentre suas mais célebres obras, destacam-se: o Baco, a Pietà, o David, com seus cinco metros de altura, as duas tumbas Medici e o Moisés. Quando questionado sobre como realizava seu trabalho, foi enfático: “Não faço esculturas, na verdade, elas sempre estiveram lá. Eu apenas retiro os excessos”. Michelângelo imortalizou suas esculturas através do mármore de Carrara e até os dias de hoje essas obras de arte podem ser admiradas, pois diante da resistência e durabilidade da rocha natural, elas permanecem preservadas.
LUÍS DIAS (1505)

Arquiteto militar português e mestre de cantaria, Luís Dias, foi nomeado em 14 de janeiro de 1549 como Mestre de Obras da Cidade de Salvador. Seguiu para o Brasil na comitiva do primeiro Governador Geral da Colônia, Thomé de Souza, desembarcando na Vila Velha do Pereira (Porto da Barra) em 29 de março do mesmo ano, para então, cumprir a árdua tarefa de construir a cidade de Salvador. Este arquiteto português foi quem introduziu em solo brasileiro a cantaria, que consiste na técnica de talhar blocos de rocha bruta de forma a constituir sólidos geométricos de variável complexidade para utilização nas mais diversas possibilidades na construção civil. Apesar de inicialmente, as pedras virem já talhadas de Portugal como lastro nos navios, com o passar dos anos, fez com que a técnica se popularizasse também em solo brasileiro, principalmente por meio das Missões Jesuíticas. Decano dos arquitetos brasileiros, Luís Días contribuiu grandemente na construção da cidade que foi o braço do Império Português nas Américas, posto que se manteve por mais de duzentos anos, e fez brilhantemente uso das rochas em diferentes aplicações na urbanização da primeira capital do Brasil. Importante ainda destacar que a escolha do Governador pelo alto da encosta fez com que o desafio fosse ainda maior em assentar muros, baluartes, torres de vigia e traçar ruas seguindo a sinuosidade da montanha e enfrentando as dificuldades da época.
OSCAR NIEMEYER (1907 – 2012)

Renomado arquiteto brasileiro do século XX, Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, atuou em grandiosos projetos, sendo reconhecido internacionalmente. Contribuiu com o setor de rochas ornamentais brasileiro quando na concepção dos projetos para cidade planejada que se tornou a capital do Brasil, especificou o mármore branco capixaba para o revestimento de fachada e de piso de grande parte dos edifícios cívicos de Brasília, impactando assim, de forma significativa, o uso do mármore extraído em solo brasileiro. A decisão do arquiteto Oscar Niemeyer valorizou a rocha capixaba, fomentou seu uso, e impulsionou o surgimento do processo produtivo em regime seriado no setor, diante da posição de destaque que concedeu ao mármore natural capixaba, ao especificá-lo em seus projetos na capital planejada do país. Em diversos outros projetos valorizou o uso da rocha ornamental, como na Igrejinha da Pampulha em Belo Horizonte e no Edifício Gustavo Capanema no Rio de Janeiro, se consagrando como grande arquiteto e como um incentivador do uso das rochas ornamentais naturais brasileiras.
JAN GEHL (1936)

Arquiteto e urbanismo dinamarquês, nascido em 1936, Jan Gehl estruturou sua carreira na busca por melhorar a qualidade de vida urbana através da reorientação do planejamento urbano priorizando os pedestres e ciclistas. Um de seus trabalhos mais expressivos, foi em sua terra natal, Copenhague, com a reurbanização da via dinamarquesa Stroget, que se consagrou como uma das maiores ruas do mundo exclusivas ao trágefo pedonal, pavimentada com rochas de diferentes padrões cromáticos, proporcionou a Jan Gehl reconhecimento mundial e hoje a cidade de Copenhague, pelas inúmeras adequações no urbanismo, conseguiu evoluir de ser amigável a carros para se tornar uma cidade confortável para pedestres. Ao longo de sua carreira, Jan Gehl vem desenvolvendo projetos para muitas cidades ao redor do mundo, dentre elas: Nova York, Melbourne, Sidney, Moscou, São Francisco, Rio de Janeiro e São Paulo. A busca incessante por construir “Cidades para Pessoas”, termo que ele criou para ratificar a importância de garantirmos espaços adequados para que as pessoas possam se locomover e viver em sociedade, o fez também publicar livros, alcançando a marca atual de tradução para mais de 30 idiomas. A busca de Jan Gehl por espaços adequados para que as pessoas possam caminhar com segurança, conforto e qualidade, converge com os benefícios que as rochas proporcionam aos projetos, pois sendo materiais sustentáveis, belos, duráveis e resistentes, as rochas ornamentais ganham espaço na dinâmica de garantir qualidade de vida urbana às cidades do século XXI.
Araciene Pessin
