Em 29 de março de 1549, Thomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil, funda a cidade de Salvador, e a torna a primeira capital do Brasil, título que permaneceu por 214 anos. A caravela que chegou a Salvador com Thomé de Souza aportou no Porto da Barra, região do maior cartão postal de Salvador: o Farol da Barra; na comitiva estava Luís Dias, mestre de cantaria que tinha como objetivo construir a cidade de Salvador, para ser o braço do império português nas Américas como centro da administração colonial.

Luís Dias, mestre de obras e decano dos arquitetos brasileiros, foi o responsável pela construção de Salvador, e pelo uso expressivo na época das rochas. Precursor da técnica de cantaria em solo brasileiro, as rochas foram utilizadas como meio para pavimentação de vias, estruturação de muros, fortalezas, contenção de encostas, decoração de espaços, revestimentos que ornamentam e embelezam os projetos da época.
A cantaria consiste na arte ou ofício de talhar blocos de rocha bruta visando a constituição de sólidos geométricos para utilização nas construções. A matéria-prima para este trabalho chegava ao Brasil como lastro dos navios, e assim, as rochas portuguesas eram utilizadas nas construções em suas mais diversas aplicações. As rochas brasileiras começam a ser também utilizadas a partir da técnica de cantaria, que é difundida por Luís Dias principalmente para os jesuítas, que a propagam por todo período de colonização portuguesa na construção de inúmeras cidades em todo Brasil.

Salvador assim, é construída com rochas naturais, e nas duas últimas décadas, tem mostrado como é possível a partir das rochas promover espaços harmônicos, duráveis e adequados para a mobilidade urbana.
O Farol da Barra, onde aportou a caravela com Thomé de Souza e Luís Dias, continua ao longo destes séculos sendo o maior cartão postal de Salvador e uma das mais importantes áreas turísticas do país, e na atualidade foi revitalizado com rochas. A área no em torno do Farol recebeu placas de granito de sete centímetros de espessura que formam belos mosaicos a partir do uso de granitos de diferentes padrões cromáticos. A espessura da rocha garante o tráfego de veículos pesados e garante o conforto do tráfego peatonal dos turistas e dos que habitam nesta região.
Na Orla de Amaralina, meio-fio maciço em granito por todo trecho da avenida a beira-mar traz qualidade para o espaço, valorização desta área turística e beleza inigualável, que é própria das rochas naturais.
Na Avenida Dendezeiros, na Cidade Baixa, foi desenvolvido o projeto Caminhos da Fé, no intuito de promover o acesso entre a Basílica do Senhor do Bonfim ao Santuário de Irmã Dulce, e assim, temos a revitalização desta avenida com uso expressivo das rochas. Por todo o projeto as rochas são destaque, nas calçadas com placas maciças, no meio-fio que percorre toda a avenida, no revestimento dos bancos e das colunas que ornamentam esta via que é tão visitada pelos fiéis católicos. Detalhes importantes do projeto estão nos mosaicos maciços em rocha ornamental, aplicados nas calçadas, que tem como objetivo mostrar a direção da Igreja. Realizados com quatro centímetros de espessura os mosaicos desenvolvidos com dois tipos de granito, encantam e impressionam pela perfeição da execução de peças complexas que hoje são plenamente possíveis diante da evolução nos processos produtivos de desdobramento das rochas ornamentais.


Ainda nas colunas decorativas revestidas com rocha vermelha existentes na Avenida Dendezeiros, temos o uso de pequenas peças cortadas formando desenho de cruzes em mármore bege, e com inúmeras superficiais perfurações destinadas a se rezar o terço, pois as perfurações nas placas remetem as contas do terço, e assim, mesmo aqueles fiéis que não levaram consigo seu terço, podem realizar suas orações a partir da peça em rocha criada para este fim. Esta avenida após sua requalificação trouxe conforto e segurança aos fiéis no tráfego, ampliou o turismo religioso da Cidade Baixa, trouxe mais qualidade de vida para os que habitam nesta área de Salvador, além de promover e ampliar o comércio local.

O novo Centro de Convenções de Salvador fez uso significativo das rochas, elas foram utilizadas no revestimento do piso, no revestimento de colunas, em todas as peças dos sanitários (lavatórios, divisórias, soleiras e peitoris), provando o quanto as rochas são importantes para se compor espaços harmônicos, sofisticados, duráveis e que ganham valorização e beleza a partir das rochas naturais.

A Praça Cayru, aos pés do Elevador Lacerda, recebeu revitalização com rochas no meio-fio, no revestimento do piso, inclusive com mosaico central utilizando granitos de diferentes padrões cromáticos, que formam belo desenho de estrela e que pode ser visto de diferentes posições no em torno deste espaço.

O metrô de Salvador é outro avanço da capital baiana que foi completamente revestido de granito cinza, trazendo conforto, beleza, praticidade na manutenção, longevidade e valorização a este projeto, além de proporcionar a ampliação da mobilidade urbana de Salvador com a qualidade que a população espera.

Por toda Salvador encontramos obras de revitalização, reurbanização, requalificação, remodelação e reestruturação, e sempre as rochas naturais se destacam como protagonistas nestes projetos, posicionando Salvador mais uma vez, como pioneira no uso expressivo das rochas no urbanismo atual e provando o quanto as rochas naturais são fundamentais para construção de espaços adequados que trazem conforto, beleza, durabilidade e progresso.
Parabéns a primeira capital do país que até os dias de hoje é referência para o urbanismo brasileiro com uso expressivo das rochas ornamentais.
Parabéns para Salvador!
Araciene Pessin
